
Oi, amor.
Hoje eu tive que fazer os serviços de banco, a praça do Ferreira continua o mesmo formigueiro. Vi o César, ta bonito; parece ter superado a perda da mulher, você deveria ter visto, foi uma tristeza só; todos os amigos estavam no enterro, “climão”, eu decidi não ir, você sabe como eu fico boba em enterros. A conversa foi curta, ele estava pra fazer uma corrida, esperando uma cliente em um desses prédios de escritórios. Olhe, eu não vi o extrato da Caixa Econômica, mas passei no Banco do Brasil; cobri o cheque do conserto da moto do Fabinho. E você como está? Acho que você deveria repensar sua profissão, nem sempre é bom estar na estrada, eu sei, eu sei: - nada no mundo me tira da estrada. Você tem assistido TV demais né amor? Nunca lhe vi falando essas coisas românticas, de estradas, pessoas, lugares, enfim... Tenho medo, muito medo. Sabe de quê? De não lhe ver mais, essas estradas andam perigosas e você sem mim, aí sozinho, tenho tanto medo amor. Lembra da última vez que você passou por aqui, já faz dois meses e parece que nada mudou; teu perfume ainda me vem depois do chá, quando você me agarrava na cozinha lembra? O Fabinho no quarto, nossa, eu morria de vergonha...
Maria Auxiliadora dos Santos Silva (Brasileira), Fortaleza, mês das sombras, um dia do ano.
Alexandre Grecco, 2007
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