domingo, 13 de maio de 2007

Rosa, uma Fernanda que não ama...




Rosa Fernanda. Nascida no bairro Pirambu, em Fortaleza, no dia 21 de agosto de 1961.Vendedora de tapioca, bombom, cafezinho - à 50 centavos -, pão carioquinha na chapa e suco de acerola, tem uma renda extra, das roupas que suas filhas lavam pra fora. São sete filhas; Rosymari, Robervéria, Rosineide, Rosicléa, Rosenardia, Roselene, Rosbife - que só veio saber do significado do seu nome quando ingressou na carreira de garçonete na budega do Rivaldo-. Rosa Fernanda já é avó, têm ao todo, em sua casa, sete filhas e nove netos. Dois são homossexuais, conhecidos na redondeza como “queijinho” e “qualhada”, um é evangélico e toca flauta doce nos cultos, a Rildina é prostituta, mas a mãe, a Rosenardia não sabe. Por fim vêm os mais novos, que no máximo exercem a função de hospedeiros de bactérias entre outras larvas...Rosa Fernanda jura que existe Deus. Talvez pelo fato de Jesus, seu ex-marido, ter contraído herpes de sua ex-vizinha, Geyza.Sem titubear, Rosa acorda todos os dias às cinco da manhã, invariavelmente bêbada. Passa suas noites no Bar do Índio, reduto da boemia da praia do futuro. No bar do índio, o Pau do Índio é por conta da casa. Rosa Fernanda se embriaga com o Pau do Índio. Ela diz que já gostou de alguém – que não foi Jesus – de verdade. Seu grande amor morreu na pesca, foi comido por um tubarão. Segundo os pescadores bêbados da região, entre uma partida de gamão e uma dose de pinga, Eudes Junior – amor de Rosa Fernanda – quis se jogar no mar e nadar até onde seus braços falharem, e assim o fez. No outro dia, acharam Eudes na Praia de Iracema, sem as pernas e com as víceras expostas ao sol. Um cachorro lambia seu intestino. Rosa Fernanda nunca mais foi à mesma, desse dia em diante nunca mais amou ninguém, nunca mais comeu buchada.


Alexandre Grecco, 2007

Um comentário:

Ilana disse...

Não sei de onde vc tira essas histórias, Alexandre. Adorei. rs