quarta-feira, 16 de maio de 2007

Sobre silogismos e alemães


O problema é o silogismo! Tudo que parece estar circulando nas cabecinhas pensantes da pós-modernidade (ou pós-pós-modernidade?) vem de um silogismo. Às vezes penso em Guy Debord assistindo de camarote esse a mundo de hoje, talvez ele gostasse de assistir os clipes da Britney Spears e, com certeza, ficaria acompanhando paredão por paredão o famoso alemão.

As pessoas parecem estar dia após dia na espera de um novo espetáculo, onde as imagens são formatadas para o deleite sádico de uma população tão carente que a única forma de prazer é se projetar em outras pessoas. Que nossa sociedade é realmente uma sociedade do espetáculo como previu o francês mal humorado em seu livro homônimo não é lá nenhuma novidade, mas o que gera essa sociedade de plástico é o que me impressiona; Esses dias meu irmão chegou a casa ouvindo um CD de uma banda pernambucana, aquelas bandas que os músicos geralmente são barbudos e metidos a políticos, falam de conceitos e dizem que tudo está uma verdadeira porcaria, como se tivessem encontrado o segredo do abismo ou a genealogia da galinha (quem vem primeiro o ovo ou a galinha?). Ele vinha cantando os acordes desacordados e dizendo que os caras são o que há na música brasileira. Mostrei a ele o novo CD do Calypso, ele riu de mim, juro que não entendi o motivo.

Segundo sua grande experiência musical, quem gosta de Mombojó não gosta de Calypso, achei muito sem graça seu solilóquio, evocando a politização alienada da banda pernambucana. Isso me lembra a situação do país, o espetáculo gera oposições e você tem de estar inserido em uma das posições que geralmente são bipolares; vejamos a política, Lula e Alckmin, seres opostos por natureza, o rico mauricinho e o populista nato, nascido das camadas pobres da população. Porque não podemos ter o meio termo? Sou a favor do meio termo, todo radicalismo me dá medo, veja os alemães, os ruandeses, russos, enfim...

No Brasil o último silogismo veio do Papa alemão (esses alemães tomam conta de tudo), ele disse, de maneira subliminar, que é necessário que os católicos não pratiquem outras religiões; “Não queremos quantidade e sim qualidade”, se ele soubesse o quanto isso vai adiantar. Minha vizinha pediu a Ogun que o protegesse em sua volta, afinal, o espaço aéreo anda muito confuso, assim como a cabeça dos católicos, entre eles meu irmão.

Alexandre Grecco, 2007

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