sexta-feira, 1 de junho de 2007

Quando as leituras

Lia você no que lia o passado. Interessante o quanto os sentidos se adequam as formas. Lia o mundo no que lia o outro e assim lia todos os sentidos queridos e ultrapassados. Lia também o quanto fosse necessário e morreria pelas pequenas coisas espalhadas nas grandes molduras que iam dos meus pés ao que não é mais sustentação. E você morria e lia e não se esquecia do que certamente lhe envolvia; um móvel lustre abajur souvenir abacaxis seda leda enseja as mais diversas formas de presenciar. Lia a explosão de mundo, lia a mais intríseca das literaturas, Isidore Ducassé lia em todas as linhas a mais antiga das novas paixões. Eu lia. Lia ou ainda leio, mas tão esquecida, tão tão tão tão assustada com minha agonia, tão marcada por antigas surdinas, lia a lia mais lida que poderia – se já não pudesse – ler o que minha poesia sem forma poderia e lia...

Alexandre Grecco, 2007

Um comentário:

Ilana disse...

Mais sutil impossível! Parabéns!